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Mostrando postagens de maio, 2019

Game Of Thrones - Análise crítica

No último domingo, dia 19 de maio, o mundo viu o fim da série Game Of Thrones, baseada nos livros das Crônicas de Gelo e Fogo, de G. R. R. Martin. Com oito temporadas de sucesso mundial, não há dúvidas que a produção se destaca dentre as melhores, com uma produção de dar inveja a grandes bilheterias de Hollywood, efeitos visuais impressionantes, elenco e direção primorosos e uma história que encanta a todos. Entretanto, com o épico desfecho de toda a saga construída por esse tempo, muitas críticas surgem, especialmente ao roteiro que aparenta descuidos e com diversas decisões que não parecem agradar o público. Por outro lado, há quem defenda as mudanças inesperadas na história com o argumento final: "isto é Game Of Thrones" - fazendo alusão às inúmeras quebras de expectativas durante o enredo da saga. Agora, com o fim da série, podemos, afinal, dizer que o roteiro de fato apresenta tantas falhas em seu desfecho? Ou estaria Game Of Thrones imune de críticas por sua essência?

O Desprezo ao Ordinário

É comum encontrar na arte um teor escapista. Muitas das vezes, os indivíduos que estão consumindo uma história não estão interessados a pensar sobre a própria realidade, viajando para reinos fantásticos, além do monótono cotidiano. Por tal razão sentimos fascínio com heróis super-humanos, galáxias distantes e figuras pitorescas. Ainda assim, há no escapismo sempre um teor crítico a nossa própria realidade, retratado por metáforas e alegorias. Como lidar, contudo, com a decepcionante verdade após se deparar com tais fantásticas aventuras? O primeiro ponto a ser dito é que não apenas pela fantasia é possível explorar o extraordinário. O autor nacional Raphael Montes demonstra, com seus livros, como é possível partir de situações do cotidiano para o impensável. O autor estabeleceu uma fórmula para seus romances policiais, criando personagens baseados em arquétipos sociais para, posteriormente, colocá-los em situações de suspense e terror, quando se transformam em algo a mais. Em

Torne-se um indivíduo melhor com August Pullman

Auggie é a estrela do belíssimo livro EXTRAORDINÁRIO, escrito por R.J. Palacio e interpretado no cinema por Jacob Tremblay. O nome condiz perfeitamente com a narrativa porque ninguém espera aprender tanto com um menino de apenas 10 anos. August nasceu portador de uma síndrome rara que causou uma grave deformação facial, sendo impossível ser corrigida por cirurgias. Passou praticamente uma década de sua vida indo a hospitais e aprendendo lições com sua mãe, Isabel Pullman, que trabalhava como ilustradora de livros infantis, antes de se dedicar à família. Apavorado por ter de estudar em um colégio e conviver com meninos de sua idade, mal sabia que adocicaria corações amargos de preconceitos, tanto pela parte das crianças como até de alguns pais. O início do período letivo é uma catástrofe, pois Auggie é alvo de bullying, tornando-se uma criança triste, revoltada e criadora de barreiras internas, mas o Sr. Browne, professor de inglês de Auggie, acaba sendo um motivacional na cura de sua

O Desmembramento da Educação Pública Brasileira

Começou com depreciações aos cursos de ciências humanas. Realizando supostas "balbúrdias", estudantes de filosofia e ciências sociais não seriam considerados como investimentos que honrem o dinheiro do contribuinte. De acordo, a opinião fora expressada pelo ministro da educação Abraham Weintraub, cuja vida acadêmica fora marcada pela mediocridade , e pelo presidente da República Jair Bolsonaro, que elegeu como ícone da filosofia contemporânea Olavo de Carvalho , um astrólogo frustrado. Contudo, o comportamento hostil às ciências humanas se alastrou, alcançando toda a vida universitária, com o corte expressivo de 30% dos investimentos às faculdades federais, também arrastando a educação básica a um ciclo autodestrutivo do MEC. Passaram-se pouco mais de seis meses desde o incêndio que consumiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Moradia da família imperial, foi transformada em um museu de artes naturais, após anos de abandono, a partir da col

A Arte no Despejo

O ano é 1955. Poderia ser 1960. Poderia ser 1950. A miséria é indiferente ao tempo. Ali está Carolina Maria de Jesus, mãe, trabalhadora, assídua leitora e sensível autora. Após árduo trabalho durante o dia escaldante, por fim pode sentar-se, alguns dias com comida para seus filhos, frequentemente não, e se permite realizar a atividade que mais lhe apraz - escrever. Poder-se-ia dizer que Carolina de Jesus foi escrava da miséria, imposta a ela por uma realidade indiferente, ignorada por um Estado composto de hipócritas e egoístas. "Quarto de Despejo", sua primeira publicação, foi um sucesso estrondoso de críticas e vendas em um Brasil mesquinho, dividido entre elites impulsivas e teimosas. Tendo sido descoberta pelo jornalista Adélio Dantas, teve sua sensibilidade artística sufocada pelos apelos de uma juventude militante, descomprometida com o valor por trás da artista, utilizando-a como propaganda de um programa político. Contudo, existe sim uma complexidade literá