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Mostrando postagens de abril, 2021

O Falcão e o Soldado Invernal - Análise Crítica

 O Universo cinematográfico da Marvel é um dos eventos culturais mais fascinantes dos últimos anos. Apesar da inconsistência de qualidade dos filmes, a coesão das narrativas sempre foi surpreendente, estabelecendo personagens e relações intricadas ao longo dos anos. Após " Vingadores Ultimato ", no entanto, o entusiasmo em relação a esse universo parecia ter se apaziguado, pelo teor de conclusão dado nos personagens mais importantes da saga. Agora, com "O Falcão e o Soldado Invernal", tal impressão foi desfeita com deleite e maestria, entregando uma série de temas profundos e desenvolvendo personagens em arcos narrativos incomuns até então, trazendo consequências interessantes a tal universo, capaz de gerar ainda mais fascínio no futuro. A série não é a primeira após os eventos de "Ultimato", porém é a primeira que me despertou o interesse de escrever sobre. Por mais divertido que "Homem-Aranha: longe do lar" seja, ou mesmo com o suspense instiga

The Good Place e o realismo moral

 Esses dias, resolvi rever o excelente seriado "The good place", e com isso todos os sentimentos gerados na época de seu lançamento vieram novamente à tona. Claro, o texto cômico por si só é primoroso, misturando personagens extremamente cativantes com situações absurdas, brincando sempre com o espectador e a própria escrita, culminando em um clássico moderno. O que me motivou a escrever tal texto, contudo, foi a força da analogia criada com a série, em especial com sua mensagem final de transformação. Tendo a temática em mente, lembrei-me de outros casos onde o realismo ético é desafiado, levando-me a uma série de pensamentos que gostaria de deixar escrito, esperando, talvez, algum tipo de discussão. "The good place" é uma série tão simples quanto é complexa. Em uma idílica pós-vida, quatro almas se encontram em uma espécie de paraíso, sendo recompensados pelas virtudes enquanto vivos. Entretanto, Eleanor (Kristen Bell) percebe estar no lugar errado, visto nunca te

O Som do Metal é meu favorito de melhor filme

Acesse aqui os demais textos da série: Minari Mank Os 7 de Chicago Judas e o messias negro Bela Vingança Meu Pai Nomadland Finalmente chegamos ao fim da série especial de análise de todos os indicados a melhor filme do Oscar de 2021. A lista conseguiu se equilibrar, até aqui, em filmes medianos e competentes, revelando até, em alguns casos, como a força da campanha para a premiação pode ser mais relevante do que o filme em si, para a premiação. Nesse sentido, nada melhor do que terminar em alto nível, no filme que particularmente considero meu favorito da premiação. "O Som do Metal" é, em síntese, uma história de ensinamentos. Não apenas ao espectador, mas para o protagonista, Ruben (Riz Ahmed), em específico. Tendo sua vida inteira construída ao redor de seu trabalho enquanto baterista, Ruben se vê subitamente perdendo a audição, e em meio ao medo e confusão, passa a viver em uma comunidade de pessoas com surdez, para aprender a viver com sua nova condição. Pela sinopse, alg

Nomadland - a melancolia do abondono

   Acesse aqui os demais textos da série: Minari Mank Os 7 de Chicago Judas e o messias negro Bela Vingança Meu Pai O Capital é traiçoeiro, individualista e cego. Este parece ser um tema comum aos filmes que concorrem o título de melhor filme na noite de premiações de Oscar, e "Nomadland" é capaz de entregar a mensagem de forma brutal e sincera. Apesar da narrativa arrastada, tudo no longa é estabelecido para compor um cenário sociopolítico devastador, consequência direta dos excessos e das falhas do sistema econômica dos Estados Unidos. "Nomadland" não é um filme fácil, tanto por sua força quanto por sua montagem. A partir da perspectiva de Fran (Frances McDormand), uma mulher desamparada após perder o emprego com a quebra da empresa na cidade onde vivia, e que passa a viver dentro de seu trailer, em uma situação de nômade, conseguindo pequenos trabalhos nas cidades por onde passa. Assim, o público é convidado a entender sua solidão e a conviver com sua rede de apo

"Meu Pai" é um elenco desperdiçado em um filme mediano

  Acesse aqui os demais textos da série: Minari Mank Os 7 de Chicago Judas e o messias negro Bela Vingança Quando vi pela primeira vez o título na listagem de nomeações de melhor filme do Oscar, pensei apenas: impossível um filme com Olivia Colman e Anthony Hopkins ser ruim. Não quero dizer que estava errado, mas todo o potencial do elenco acabou se revelando como algo muito além para ser sustentado por uma narrativa tão desinteressante. No final das contas, "Meu Pai" parece ser apenas um complemento genérico em uma lista com filmes bem mais memoráveis. O longa é dirigido pelo dramaturgo Florian Zeller, inspirado por uma de suas próprias peças. Esse singelo elemento é parte fundamental do filme, que sempre busca colocar na tela uma nova interpretação dos palcos. No entanto, em seus esforços, o filme não parece justificar tal necessidade, pautado em um enredo simbólico, porém pouco apelativo. A história é contada a partir dos delírios de Anthony, um senhor tomado pela demência