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Mostrando postagens de agosto, 2018

Episódio Teste - Sartre, democratização da literatura e Booktubers

Após certo reboliço nas redes sociais com discussões ao redor da função social dos booktubers, resolvi preparar um cenário, ligar a câmera, e gravei um vídeo, "à la booktuber" sobre o tema. Esse episódio teste, além de ser uma tentativa de sempre inovar o conteúdo do blog, também é uma forma de levar debates densos para o cenário da rede social do Youtube. Espero o feedback de todos os leitores! Texto de Lucas Barreto Teixeira

A metamorfose subjetiva e macrossocial

Após vinte dias, na clausura de seus pensamentos e de seu escritório, Franz Kafka terminava o que viria a ser sua mais famosa novela. Era novembro de 1912, e após as angústias de Gregor Samsa escritas pela caneta pesada do alemão, o autor escreveria para sua esposa: "Minha pequena história está terminada" e foi descansar após suas penúrias. Ao se distanciar de seus papéis, Kafka deixava para trás uma história sobre o peso das responsabilidades familiares e sobre a crueldade de uma sociedade burocrática e artificial. Apesar de não ter tido sucesso com seus escritos quando vivo, o autor foi consagrado anos depois de sua morte, quando críticos e acadêmicos se debruçaram sobre suas ideias e suas reflexões metafísicas e subjetivas, encontrando nelas valores preciosos. Nascia assim, então, um dos maiores nomes da literatura mundial. "A Metamorfose", sobretudo, trata-se de uma tradução da angústia da sociedade moderna. Gregor Samsa é nada mais que um home

Tudo sobre a Bienal Internacional do Livro de 2018

Durante o dia 3 até o dia 12 de agosto, ocorreu, na cidade de São Paulo, a Bienal Internacional do Livro de 2018. Apesar de já ter participado diversas vezes do evento do Rio de Janeiro, nesse ano tive a oportunidade de comparecer como escritor, além de, evidentemente, leitor. Publicando o meu primeiro livro, "Lágrimas de Sangue e outros contos" , pela editora Scortecci, tive o prestígio de não somente conhecer uma miríade de incríveis escritores como também de formar novos leitores de meus textos. Com o "Caderno do Escritor", consegui fazer por fim aquilo que amo: escrever sobre literatura e divulgar minhas ideias. Lançar um livro, portanto, está sendo o segundo passo nessa jornada longa e árdua de viver como autor, especialmente dificultada com a situação atual do mercado editorial no país. Em todo caso, escrevo agora este singelo (e simbólico) texto como uma forma de não apenas informar sobre os principais lançamentos nacionais que eu tive a oportunidade

Todo o Tempo do Mundo e a Felicidade Genuína

A felicidade é uma temática recorrente em debates artísticos e filosóficos. Desde os primórdios da sociedade ocidental, a busca por sua compreensão foi alvo de discussões e importantes ideias para a estruturação do nosso modelo social vigente. Entretanto, poucos são aqueles capazes de responder a emblemática pergunta: "O que é verdade genuína?"; questionamento central no novo romance de Maurício Gomyde. Maurício Gomyde foi finalista do prêmio Jabuti com sua obra "Surpreendente!", além de ser o autor de "A máquina de contar histórias". Em "Todo o Tempo do Mundo", o autor escreve a história de Vitor e Amanda, com suas perspectivas alternadas durante a narrativa. Os dois, quando jovens, apaixonaram-se após um simbólico beijo na festa de formatura. Um ano após o evento, porém, os pais de Amanda são mortos por um atentado no Quênia, dando à Vitor a percepção de que a menina falecera. Vinte anos depois, Vitor, que desde o fatídico dia desenvol

Laranja Mecânica – Liberdade ou Segurança?

Há algum tempo atrás, escrevi sobre o filósofo inglês Thomas Hobbes e comparei suas ideias com a literatura de H. P. Lovecraft. No artigo , abordei rapidamente sobre a necessidade, para o pensador, de limitar os desejos humanos, pelo Estado, a fim de que se pudesse alcançar uma sociedade plena, sem conflitos, e relativamente justa. Esse pensamento derivou-se de sua constatação de que o ser humano, em seu estado natural, é egoísta e individualista, portanto, em sociedade, caso sejam deixados à mercê de seus estados naturais, os humanos iriam entrar em um estado de “Guerra de Todos contra Todos”. Naturalmente, a partir dessa conclusão, Hobbes deixa aberta a discussão de liberdade e segurança. Afinal, o que deve ser priorizado: o bem-estar individual ou o coletivo? Para estruturar esse debate, apoiar-me-ei no filme “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, baseado no livro homônimo de Anthony Burgess. Na longa, o jovem Alex apresenta-se como líder de uma gangue de delinquentes em

Discrimiação pela ignorância

Até hoje, a discriminação social é pauta de debates e de lutas sociais. Em especial, no Brasil, grupos de luta pelos direitos negros afirmam que a principal origem do preconceito étnico está na prática escravagista, principal força motriz para a economia agrária durante a colonização até o final do Império. Nesse sentido, Aluísio Azevedo, já em 1881, já nos alertava para atentar-nos aos perigos do racismo.   Aluísio Azevedo (1857 - 1913)   Aluísio Azevedo, no final do século XIX, escrevia “O Mulato”. O romance conta a história de Ana Rosa, filha do comerciante português Manuel Pescada, e em seu lance amoroso com seu primo, Dr. Raimundo. Por conta de sua criação casta na elite burguesa de São Luís do Maranhão, Ana Rosa sempre apresentou um comportamento submisso, virginal e servil, tendo como sonho de vida se tornar esposa fiel e mãe fervorosa. Já na descrição da mulher, Aluísio monta o cenário conservador onde se passa a história. Manuel Pescada, vendo, ao lado de sua sog

Os Bons Selvagens de Jorge Amado

Apenas os privilegiados que já tiveram a honra de conhecer a Bahia, seus mares, seus cheiros e seus gostos, são capazes de discernir o afrodisíaco de todo o resto. Dentre todos seus conterrâneos, no entanto, poucos tiveram tamanho conhecimento profundo dessa terra quanto Jorge Amado. O escritor, autor de obras clássicas da literatura como “Gabriela” e “Capitães de Areia”, foi um dos poucos capazes de traduzir a linguagem transmitida pela cultura baiana.   Jorge Amado (1912 - 2001) Dentre a miríade de seus textos, Jorge Amado foi responsável pela produção da novela “A Morte e A Morte de Quincas Berro D’água”. No livreto, conta-se a história da morte de Quincas, um bêbado maltrapilho, antigo respeitável servidor público, Joaquim Soares da Cunha. Ao encontrar o defunto, a família resolve fazer uma cerimônia religiosa, sacra, em memória à figura séria de Joaquim. Exposto em uma sala escura, iluminada apenas pelas velas, Quincas fora trajado com roupas cerimoniosas que não condi

Lágrimas de Sangue e Outros Contos - Lançamento

É com muita alegria e entusiasmo que venho até vocês, leitores, com o anúncio de “Lágrimas de Sangue e Outros Contos”. Dividido em onze contos, o livro tem como temática principal a loucura humana e sua relação interpessoal e seus reflexos sociais. Ao escrever “Lágrimas de Sangue”, tive como influências o simbolismo de Baudelaire e de Augusto dos Anjos, além do realismo doloroso de Dostoiévski. Os contos não possuem relação entre si além do aparente descaso que as personagens sofrem. Algumas histórias se passam em tempos pretéritos, já outras refletem a era contemporânea e a solidão do homem moderno. Narrados por um sentimento onírico, os contos podem provocar compaixão, horror, reflexão e até empatia pelo caos da vida das personagens. O livro será lançado no dia 11 de agosto de 2018, na Bienal Internacional de São Paulo, no estande da editora Scortecci, Avenida 1, Rua N , onde estará à venda desde o início do evento. Eu, o autor, estarei presente em todos os dias da Bienal, a