Quando vou ao cinema, sempre gosto de chegar com antecedência para ver todos os trailers que antecedem os filmes. Ao longo da evolução da indústria cinematográfica, a produção desses tornou-se primorosa e agradável aos consumidores do mercado. Não é difícil de comprovar esse fato; faz-se necessário apenas pesquisar algum "vídeo de reação ao novo trailer de vingadores" no YouTube para tal.
O que quero dizer é que os trailers e chamadas de filmes são as principais formas de se anunciar as novas produções que estão para ser lançadas. E não há nada de errado com isso. No entanto, na última vez que fui ao cinema, um sentimento engraçado me tomou. Estava lá, sentado com meus amigos e namorada, para ver um filme besteirol do Dwayne "The Rock" Johnson - "Rampage, Destruição Total" - quando um trailer anuncia mais um filme com o ator, que já estava para ser lançado.
Por mais que tenha estranhado no momento, não parei para pensar no caso. E durante uma hora e cinquenta e cinco minutos, a informação se esvaiu completamente de minha cabeça. Ao invés disso, deixei-me ser transportado para dentro de um filme onde um gorila albino gigante destrói Chicago ao lado de um lobo voador colossal e um crocodilo com sabe-se-lá quanto de altura.
Francamente, creio não precisar apontar os furos de roteiro ou as falhas de direção ocorridas durante a longa porque... simplesmente não importam. O filme em si não agrega em nada, a não ser um pequeno momento de prazer, para que se possa parar de pensar nos problemas recorrentes da vida. Mas será que isso faria algum tipo de mal ao indivíduo que consome esse tipo de produto?
Em outro texto abordando um pequeno detalhe em Madame Bovary, de Gustave Flaubert, estabeleci uma relação entre o consumo e a tentativa de se preencher o vazio existencial dentro do indivíduo (Acesse aqui). Todavia, o consumo em si não explicaria em sua totalidade o efeito "The Rock" nas produções cinematográficas. Para tal, trago as ideias estabelecidas por membros da Escola de Frankfurt sobre a "Indústria Cultural".
O termo foi cunhado para definir o uso de produtos artísticos como produtos vendidos em ampla escala no mercado. Dentro deste conceito, diversas vertentes são formadas. Uma delas, concebida por Adorno e Horkheimer, defende que muitos dos produtos da indústria cultural servem para tirar o consumidor de sua realidade para transportá-lo a um estado de êxtase e tranquilidade, alienando-o completamente.
Aldous Huxley exemplifica a sociedade que vive em função desses produtos em "Admirável Mundo Novo". No romance, os indivíduos agem movidos pela massa, consumindo todos os novos tipos de produtos e permitindo-se serem alienados pelo sistema. Para Herbert Marcuse, outro professor da Escola de Frankfurt, o mesmo acontece em nossa realidade atual. Para o autor;
Dessa forma, agimos como os indivíduos de Huxley, movidos pela busca pelo prazer momentâneo, ainda que tenhamos que sacrificar nosso senso crítico para tal.
Contudo, como produto da indústria cultural, não apenas "Rampage, destruição total" como a grande maioria dos filmes atuais podem ser citados. Mas, sendo assim, como é possível gostar tanto dos filmes estrelados pelo "The Rock", apesar de sabermos que eles são tão ruins?
Talvez a questão não seja essa. Realmente, permitimos nos alienar a todo instante pelo mercado, o que pode gerar resultados catastróficos à arte cinematográfica. Filmes como "Transformers", "Star Wars - os últimos Jedi" e "Piratas do Caribe - A vingança de Salazar", são exemplos de como o público pode estar remodelando sua forma de ver filmes; seja debatendo as falhas e os descuidos cometidos por empresas descritas como "mercenárias" ou até mesmo deixando de assistir aos filmes.
Mas de qualquer forma, The Rock consegue escapar dessa mobilização. As bilheterias de seus últimos filmes, sempre mantendo um padrão que deixa às produtoras uma margem segura de lucro, são provas do completo sucesso do ator. Sucesso esse tão grande que, como exemplificado no início deste texto, ainda trará muitos outros produtos, com infindáveis produções protagonizadas por ele.
A partir deste ponto de minha argumentação, creio estar me baseando apenas em meu gosto pessoal e interpretação subjetiva do estabelecido. Dwayne Johnson, na verdade, criou em si uma figura que foi completamente absorvida pelo mercado, criado a partir de virtudes clássicas dos "mocinhos" de Hollywood. Dessa forma, sua maneira de ser completamente carinhosa e cativante o fez alcançar na indústria um patamar no mínimo interessante, em que seus filmes sempre são capazes de divertir o consumidor.
E, sinceramente, não há problema em se permitir tal sentimento completamente artificial, que desde o início foi o impulsionador dessa grande máquina cinematográfica. Enquanto The Rock continuar trabalhando nesse gênero de filme, sua legião de fãs continuará a segui-lo, e assim a imensa máquina continuará trabalhando, movido pelos grandes lucros provenientes de suas obras.
E que venha mais The Rock para todos!
O que quero dizer é que os trailers e chamadas de filmes são as principais formas de se anunciar as novas produções que estão para ser lançadas. E não há nada de errado com isso. No entanto, na última vez que fui ao cinema, um sentimento engraçado me tomou. Estava lá, sentado com meus amigos e namorada, para ver um filme besteirol do Dwayne "The Rock" Johnson - "Rampage, Destruição Total" - quando um trailer anuncia mais um filme com o ator, que já estava para ser lançado.
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Imagem do filme "Rampage, destruição total" |
Francamente, creio não precisar apontar os furos de roteiro ou as falhas de direção ocorridas durante a longa porque... simplesmente não importam. O filme em si não agrega em nada, a não ser um pequeno momento de prazer, para que se possa parar de pensar nos problemas recorrentes da vida. Mas será que isso faria algum tipo de mal ao indivíduo que consome esse tipo de produto?
Em outro texto abordando um pequeno detalhe em Madame Bovary, de Gustave Flaubert, estabeleci uma relação entre o consumo e a tentativa de se preencher o vazio existencial dentro do indivíduo (Acesse aqui). Todavia, o consumo em si não explicaria em sua totalidade o efeito "The Rock" nas produções cinematográficas. Para tal, trago as ideias estabelecidas por membros da Escola de Frankfurt sobre a "Indústria Cultural".
O termo foi cunhado para definir o uso de produtos artísticos como produtos vendidos em ampla escala no mercado. Dentro deste conceito, diversas vertentes são formadas. Uma delas, concebida por Adorno e Horkheimer, defende que muitos dos produtos da indústria cultural servem para tirar o consumidor de sua realidade para transportá-lo a um estado de êxtase e tranquilidade, alienando-o completamente.
Aldous Huxley exemplifica a sociedade que vive em função desses produtos em "Admirável Mundo Novo". No romance, os indivíduos agem movidos pela massa, consumindo todos os novos tipos de produtos e permitindo-se serem alienados pelo sistema. Para Herbert Marcuse, outro professor da Escola de Frankfurt, o mesmo acontece em nossa realidade atual. Para o autor;
"O homem não mais ressente sua alienação."
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Herbert Marcuse (1898-1979) |
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Aldous Huxley (1894-1963) |
Dessa forma, agimos como os indivíduos de Huxley, movidos pela busca pelo prazer momentâneo, ainda que tenhamos que sacrificar nosso senso crítico para tal.
Contudo, como produto da indústria cultural, não apenas "Rampage, destruição total" como a grande maioria dos filmes atuais podem ser citados. Mas, sendo assim, como é possível gostar tanto dos filmes estrelados pelo "The Rock", apesar de sabermos que eles são tão ruins?
Talvez a questão não seja essa. Realmente, permitimos nos alienar a todo instante pelo mercado, o que pode gerar resultados catastróficos à arte cinematográfica. Filmes como "Transformers", "Star Wars - os últimos Jedi" e "Piratas do Caribe - A vingança de Salazar", são exemplos de como o público pode estar remodelando sua forma de ver filmes; seja debatendo as falhas e os descuidos cometidos por empresas descritas como "mercenárias" ou até mesmo deixando de assistir aos filmes.
Mas de qualquer forma, The Rock consegue escapar dessa mobilização. As bilheterias de seus últimos filmes, sempre mantendo um padrão que deixa às produtoras uma margem segura de lucro, são provas do completo sucesso do ator. Sucesso esse tão grande que, como exemplificado no início deste texto, ainda trará muitos outros produtos, com infindáveis produções protagonizadas por ele.
A partir deste ponto de minha argumentação, creio estar me baseando apenas em meu gosto pessoal e interpretação subjetiva do estabelecido. Dwayne Johnson, na verdade, criou em si uma figura que foi completamente absorvida pelo mercado, criado a partir de virtudes clássicas dos "mocinhos" de Hollywood. Dessa forma, sua maneira de ser completamente carinhosa e cativante o fez alcançar na indústria um patamar no mínimo interessante, em que seus filmes sempre são capazes de divertir o consumidor.
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Dwayne "The Rock" Johnson |
E que venha mais The Rock para todos!
Texto de Lucas Barreto Teixeira
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