22 de dezembro
Quando cheguei hoje na loja, o chefe já esperava com um novo estoque. Como suspeitava, o estagiário tinha sido substituído por outro. Ele pareceu ser gente boa. Veio lá de São Gonçalo, um pai de família, trabalhador e bastante engraçado. Acho que seu nome é Mathias. Ou Matheus. Não entendi muito bem porque ele tem esse problema de língua presa, o que faz dele ainda mais engraçado.
Arrumamos os brinquedos nas prateleiras e esperamos dar as horas para abrir. Fiquei com Mathias e Douglão fumando cigarro nos fundos. Douglão estava com essa cara feia que ficam os homens quando se dão por perdido na vida. E ele de fato estava. A patroa comeu o couro do homem por não ter tido colhão de ir contra o chefe. Coitado do Douglão. Tem uma mulher que nunca vai entendê-lo.
Hoje o movimento foi mais fraco que ontem, mas ainda assim conseguimos esvaziar a maior parte do estoque. No final do expediente fui falar com o chefe. A sala dele é grande e confortável, com armários cheios de papeladas e recibos. Ele me recebeu com um sorriso bem simpático no rosto, ofereceu um cigarro e tudo. Conversei um pouco sobre Douglão com ele e perguntei se poderia tapar o buraco dele em alguma parte do feriado.
O chefe pensou um pouco e disse que iria: “ponderar sobre o caso”. Acho que ele vai aliviar a barra para Douglão. O cara merece.
Quando fui pegar o busão, a novinha de ontem não estava lá. Isso me deixou um pouco triste.
Fim da Parte II
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